Olá a todos.
Eis a idéia que gostaria que todos refletissem ao longo desta semana: "O Prisma da Caridade".
Todos os dias, recebemos notícias sobre fatos que ocorrem no mundo inteiro, bons e maus, que nos deixam muitas vezes indignados, comovidos, tristes, chateados ou até mesmo com raiva do fato ocorrido. Pode ser a indignação de ver alguém "fechar" uma outra pessoa no congestionamento, a tristeza em ver a pobreza no mundo, a comoção em ver pessoas perdidas no mundo das drogas (ou irritação de alguns em saber que estes "financiam" o tráfico) ou mesmo a irritação em ver tantos inocentes vítimas da violência urbana e a apatia dos governantes perante estes e outros fatos.
Realmente, a primeira vista, todas as reações acimas expostas são justificáveis para as causas mencionadas, quando olhamos de uma forma crítica e incrédula. No entanto, quando olhamos para o próximo, podemos utilizar dois "prismas" para ver a situação. Podemos vê-lo sob o prisma crítico, onde pensa-se unicamente em julgá-lo sobre suas ações, sem a mínima intenção de ajudar esta pessoa, revoltando-se e indignando-se em vão, ou pode-se ver através do prisma da caridade, onde busca-se entender e compreender para que, colocando-se no lugar desta pessoa, possa-se assim ajuda-la a mudar de vida, conseguindo assim construir uma sociedade melhor.
Li, uma certa vez, uma estória que acredito encaixar-se muito bem nesta reflexão: "Estavam, em um vagão de trem, algumas pessoas retornando para suas casas de mais um dia de trabalho. Todos estavam muito cansados. No meio dessas pessoas, havia o Pai e seu Filho, que tinha por volta de cinco anos de idade. Ao longo de uma boa parte do trajeto, a criança não parava de brincar, pular, gritar, e o Pai não reagia a nenhuma dessas atitudes da criança. Após trinta minutos, uma mulher na faixa de 35 anos irritou-se com a criança e foi falar com o Pai e um tom irritado, dizendo: "Você não impõe limites em seu filho? Esta criança está faltando com a educação e você não faz nada para impedi-lo?". Após o Pai ouvir isto, replicou entristecido: "O que acontece é que estamos retornando do velório de minha esposa (mãe desta criança) e, para que meu filho não sinta tanta tristeza no falecimento de sua mão, deixo que divirta-se". Imediatamente a mulher abaixou a cabeça, sorriu para a criança e sentou-se."
Podemos ver neste breve exemplo que não podemos ter crenças pré-estabelecidas sobre os fatos que nos rodeiam, pois não entendemos a situação ou momento em que aqueles que praticam esses atos estão. Pode ser que o pobre homem que está perdido nas drogas, que a primeira vista poderíamos vê-lo como um simples financiador do tráfico, seja um homem fraco, que deixou-se levar em um momento de fraqueza (perda de um ente querido, revés financeiro, etc..), onde viu-se sem sentido na vida e caiu nesta perdição. Ao invés de criticá-lo impiedosamente (fato este que não contribui em nada), o que podemos fazer para reverter esta situação?
Penso em como posso melhorar a vida desta pessoa? Busco pensar em meios para abrir caminhos para aqueles que estão perdidos para que encontrem a verdadeira felicidade? Ou limito-me unicamente a criticar e murmurar dos fatos? Será que, quando critico um político que aparentemente corrompeu-se, busquei instruir-me a respeito dos candidatos e mobilizar os outros para que também façam o mesmo? Ao reclamar da violência no trânsito, dou o exemplo sendo educado com o próximo, dando passagem àquele que solicita e perdoando aqueles que são mais agressivos? Ou apenas reajo ao que me fazem, seguindo a famosa frase "olho por olho, dente por dente"?
Infelizmente todos nós, seres humanos, temos uma forte tendência em pensar unicamente em nós mesmos, um grande amor próprio que destrói pouco a pouco, tornando-nos cada vez mais cegos para as necessidades alheias. A luta para vencer este amor próprio e colocar o coração no próximo deve ser uma luta para a vida inteira, lutada diariamente, um passo após o outro, para que, ao final da vida, possamos ter a grande paz e alegria do esquecimento próprio e a alegria e fazer bem aos que nos rodeiam.
Mudemos então a ótica com que enxergamos o próximo e suas atitudes e lutemos para que consigamos espalhar a bondade para todos.
"Temos que compreender a todos, temos que conviver com todos, temos que desculpar a todos, temos que perdoar todos. Não diremos que o injusto é justo, que a ofensa a Deus não é ofensa a Deus, que o mau é bom. No entanto, perante o mal, não responderemos com outro mal, mas com a doutrina clara e com a ação boa: afogando o mal em abundância de bem (Rom 12, 21)"
São Josémaria Escrivá
Tenham todos uma semana iluminada.
Mateus Boaventura Pessoa Fornias
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